V Encontro Nacional LGBTI+ da FASUBRA destaca saúde mental e HIV/AIDS em ambientes acadêmicos e sindicais

11:07 | 18 de maio de 2025

Na manhã deste sábado (17), o V Encontro Nacional LGBTI+ da FASUBRA deu continuidade às suas atividades com a realização da mesa “Saúde Mental da Comunidade LGBTI+ em Ambientes Acadêmicos e Sindicais”. O debate reuniu especialistas que trouxeram reflexões sobre a importância de políticas de acolhimento e cuidados com a saúde mental e física da população LGBTI+, especialmente nos espaços universitários e de atuação sindical.
A primeira palestrante foi a psicóloga e coordenadora da FASUBRA, Bianca Zupirolli, que apresentou dados alarmantes sobre a vulnerabilidade da comunidade LGBTI+. De acordo com uma pesquisa da Universidade de Columbia, pessoas LGBTI+ têm até cinco vezes mais chances de cometer suicídio em comparação com a população heterossexual e cisgênero. Para Bianca, essa realidade reforça a urgência de transformar a cultura universitária e promover políticas sindicais comprometidas com o bem-estar mental da comunidade. “É fundamental que o movimento sindical assuma o compromisso de cuidar da saúde mental da população LGBTI+, especialmente nos espaços acadêmicos, onde a exclusão e a pressão podem ser ainda mais intensas”, destacou.
Na sequência, o médico e técnico-administrativo da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Rafael Machado, fez uma apresentação aprofundada sobre o histórico do HIV/AIDS. Ele explicou que a doença ficará marcada como “a doença do tempo”, dada sua profunda relação com contextos históricos, sociais e políticos. Rafael criticou os estigmas que ainda persistem, relembrando que nos primeiros anos da epidemia a AIDS foi associada erroneamente à homossexualidade, com termos pejorativos como “câncer gay” ou “peste gay”. “Essa visão distorcida contribuiu para o preconceito e o atraso no enfrentamento da doença”, afirmou.
O médico também esclareceu aspectos importantes do tratamento. Embora o Sistema Único de Saúde (SUS) tenha iniciado a distribuição de medicamentos nos anos 1990, os primeiros tratamentos, como o AZT, apresentavam eficácia limitada e severos efeitos colaterais. Foi a partir de 1995, com os inibidores de protease, que o tratamento se tornou mais eficaz e seguro. Rafael destacou ainda que hoje, com o tratamento antirretroviral adequado, pessoas com HIV que mantêm a carga viral indetectável não transmitem o vírus — conceito resumido pela frase “indetectável = intransmissível”, amplamente reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Por fim, ele reforçou que o uso da camisinha, embora fundamental, não é suficiente isoladamente, e defendeu a adoção de uma prevenção combinada.
Encerrando a mesa, a professora Sílvia Bandim, da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília (UNB), e integrante da Diretoria da Diversidade, abordou as conquistas e os desafios enfrentados pela comunidade LGBTI+ no Brasil. Apesar dos avanços legislativos e institucionais, Sílvia alertou que ainda existem inúmeros obstáculos que impedem o pleno exercício dos direitos conquistados. “As barreiras não são apenas legais, mas também culturais e estruturais, e precisam ser enfrentadas com ações concretas dentro e fora das universidades”, afirmou.
O debate reforçou a importância de construir ambientes mais seguros, inclusivos e acolhedores para a comunidade LGBTI+, especialmente em espaços historicamente marcados pela exclusão e preconceito, como os meios acadêmico e sindical.

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