IV Encontro LGBTQIA+ debate políticas de diversidade e inclusão nas universidades e no movimento sindical
Durante dois dias, na sexta-feira (5/8) e no sábado (6/8), a FASUBRA Sindical, por meio da Coordenação LGBTI, realizou o IV Encontro LGBTQIA+ com a temática central “Cidadania LGBTQIA+ na Educação Pública e na Sociedade”. O encontro foi um sucesso e contou com 21 entidades de base inscritas, 48 participantes, oito palestrantes e sete coordenadores e coordenadoras, representando o conjunto da DN (Direção Nacional) da Federação.
O evento foi elogiado pelos participantes pelo alto nível de debates e pela presença de renomados palestrantes. As palestras foram transmitidas ao vivo pelo Facebook da Federação. O objetivo foi identificar estratégias de interação entre as trabalhadoras e os trabalhadores das universidades e a comunidade LGBTQIA+, a partir de políticas de diversidade e inclusão que sejam encampadas pelo conjunto da categoria. O encontro também buscou aprofundar o tema, formar os representantes das entidades de base para o combate à LGBTfobia e possibilitar a identificação de critérios para o convívio entre a pluralidade de gênero no meio acadêmico, entre outros aspectos.
Para Carla Ayres, doutora em sociologia política e primeira vereadora lésbica de Florianópolis (PT/SC), cidadania seria o direito a ter direitos, seria gozar da plenitude do bem-estar social, da garantia da vida, de ir e vir e tudo que o Estado Democrático de Direito poderia oferecer aos cidadãos e cidadãs. “Acontece que a gente pouco parte da reflexão de que almejar essa cidadania perpassa por romper as desigualdades sociais, materiais, estruturais dessa sociedade extremamente recortada, inclusive pela lógica capitalista, que impossibilita que pessoas e grupos acessem esses direitos”. Confira a fala na íntegra: https://www.facebook.com/Fasubra/videos/444895030984782.
Andrey Lemos, integrante da UNA LGBT, tratou sobre a resistência LGBT e destacou a importância do movimento sindical retomar o debate. “Quando a gente olha para a realidade do Brasil hoje e como se encontra a comunidade LGBTQIA+ é importante que a gente saiba que isso não começou agora. Essa guerra cultural não é algo novo”. Andrey fez uma retrospectiva histórica da luta da população LGBTQIA+. Confira em: https://www.facebook.com/Fasubra/videos/1256056888530836.
O assessor de formação da CUT-Brasil, arte-educador e pedagogo, Pérsio Plensack, falou sobre a interseccionalidade (ou teoria interseccional), que é o estudo da sobreposição ou intersecção de identidades sociais e sistemas relacionados de opressão, dominação ou discriminação. “Temos trabalhado isso no âmbito da politica de formação, é evidente que isso é uma resolução, mas é claro que para traduzir isso no nosso cotidiano é uma luta por entreves políticos e institucionais. No âmbito da formação sindical a gente trabalha sempre com a ideia da formação vinculada a uma ação concreta, a transformação real”, destacou. Veja mais em: https://www.facebook.com/Fasubra/videos/1559478211121695.
Lucas Brito, mestre em política social pela UnB, ressaltou a necessidade da organização da população LGBTQIA+ no seio da classe trabalhadora. Para ele, o movimento sindical segue sendo um terreno fundamental de organização. Ele ainda afirmou que o Brasil não tem uma lei LGBTQIA+. “Nunca tivemos uma lei aprovada pelo Congresso Nacional em defesa das pessoas LGBTQIA+. A própria Constituição de 1988 é contraditória nesse terreno, ela traz um conjunto de conquistas e direitos sociais e políticos no Brasil e funda uma visão de qual deveria ser o papel do Estado. Só que na Constituição nos foi negado um assento explícito. Não entrou na letra da Constituição a luta contra a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero”. Confira a íntegra: https://www.facebook.com/Fasubra/videos/1064904470796870.
Elaine Leoni, coordenadora do Comitê LGBTQIA+ da ISP no Brasil e presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Estado de São Paulo, informou que existem acordos coletivos no Brasil com cláusulas LGBTQIA+. Ela citou alguns dados, como 324 sindicatos com alguma cláusula, na indústria 247, no comércio 101, não específico 6 e na agricultura 1. Elaine falou do preconceito dentro das instituições e sindicatos. “Hoje se eu disser que ele é negro, que ele é preto, eu sou presa. Seu eu chamar ele de viado, não. Qual a diferença? O modo de eu agir, de amor, de sentir é direito meu. E tenho que ser respeitado por isso. Somos sindicalistas e temos que respeitar nossos trabalhadores”. Confira a íntegra: https://www.facebook.com/Fasubra/videos/5283466201772884.
Rose Bellon, cientista social, educadora popular e servidora da Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania do município de Serra/ES, disse que como mulher cis e militante da causa ela também sofre preconceito. “Quando a gente vai falar sobre a importância da representatividade para a garantia dos direitos humanos para a população LGBTQIA+, a gente precisa situar qual o contexto. No Brasil não temos nenhuma legislação que garanta os direitos específicos da população LGBTQIA+. A gente se baseia primordialmente na Declaração Universal dos Direitos Humanos porque é ela que assegura todos os princípios universais de igualdade, dignidade e os demais direitos”. Acompanhante a sua apresentação: https://www.facebook.com/Fasubra/videos/597775255238336.
Augusta Batista Baêta das Neves, militante pelos direitos das pessoas trans, técnica-administrativa e diretora administrativa da ATS – Associação Transgênero de Sorocaba/SP, tratou sobre a reflexão dos horizontes de atuação na sociedade e a importância de abordar com seriedade a questão LGBTQIA+ dentro do movimento sindical. “A gente precisa trabalhar o tema LGBTQIA+ nos nossos locais de trabalho e nas nossas bases, nas nossas comunidades e na sociedade para que a gente consiga avançar e fazer uma frente em relação ao que está acontecendo lá fora”. Primeira fala no final do vídeo: https://www.facebook.com/Fasubra/videos/597775255238336.
Segunda parte: https://www.facebook.com/Fasubra/videos/471990094745044.
Deborah Sabará, ativista e coordenadora da Associação Gold – Grupo Orgulho, Liberdade e Dignidade e de outras entidades, destacou que falar de visibilidade é falar de representatividade e de mostrar o protagonismo. “Também somos pessoas capazes de fazer, de executar, de falar, de trabalhar. Somos pessoas capazes de estar a frente podendo ocupar espaços de visibilidade, que na sua maioria hegemonicamente é de homens gays, brancos”, afirmou. Veja a primeira parte: https://www.facebook.com/Fasubra/videos/743157143570189. Segunda parte do vídeo: https://www.facebook.com/Fasubra/videos/469349941309214.
Na sexta-feira (5/8) os participantes foram ao Espaço Multicultural Casa dos Quatro para assistir ao espetáculo “Uma Crônica Para Quem Não Deveria Amar” – texto de Rafael Salmona e direção de Rebeca Reis.
A Dóris para Maiores, assessora de formação e personagem criada pelo coordenador LGBTI da FASUBRA Wellington Pereira, foi apresentada no IV Encontro LGBTQIA+. Veja o vídeo da Dóris: https://youtu.be/NdPJxGHeVNw.
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