Dia da Mulher Negra da América Latina e do Caribe – 25 de julho

17:24 | 28 de julho de 2014

Ter a consciência de que a mulher negra sofre a discriminação por gênero somado ao racismo, faz com que a FASUBRA continue atuando intensamente no combate à opressão e orientando aos sindicatos de base a fortalecer esta luta. 

Diante desta realidade precisamos refletir sobre a importância do Dia 25 de julho – Dia da Mulher Negra  e do Caribe, escolhido em 1992 para marcar a luta da mulher  negra latina. Esta é mais uma data que deve ser utilizada para impulsionar a luta cotidiana das mulheres. 

Estatísticas como as do estudo de Síntese de Indicadores Sociais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado em 2012, em que  o número de brancas trabalhando subiu para 61,8% da população, enquanto as negras aumentaram para apenas 47,3%. Apesar das mulheres negras terem tido aumento dos índices de escolaridade, ainda são a maioria a ocupar os sub empregos e a receberem os piores salários. Isto se deve, na maioria das vezes, à exigência de um padrão de beleza que não é o das mulheres negras. 

No caso da violência praticada contra as mulheres, constatamos que as negras são as maiores vítimas da violência doméstica. Segundo os dados apresentados no Mapa da Violência em 2010, morreram 48% mais mulheres negras do que brancas vítimas de homicídio, diferença que vêm se mantendo ao longo dos anos. 

Mulheres, ainda hoje, são escravizadas, tratadas como objeto. Segundo dados de 2011, estamos falando de cerca de 80 milhões de mulheres afrodescendentes (ou seja, metade da população negra que vive nos países latinos e caribenhos).  

Apesar dos pequenos avanços conquistados no Brasil e no mundo através da luta das mulheres, o dia “25 de julho” ainda é um dia de reflexão e “luto” em memória de tantos milhões de mulheres que tiveram suas vidas violentamente marcadas ou simplesmente ceifadas.    

Mulheres cujas histórias de sofrimento e lutas tiveram início quando nossas primeiras ancestrais foram sequestradas da África e se viram presas aos grilhões físicos, morais, emocionais, políticos, econômicos e também sexuais.  É lamentável que este tipo de coisa ainda aconteça na América Latina e no Caribe.                                                             

Uma situação que, para ser compreendida de fato, precisa sempre considerar a profundidade do que significa ser “duplamente oprimida”, como mulher e como negra. Significa, dentre muitas outras coisas, ser vista como um “objeto”, como os machistas vêm todas as mulheres; mas, também, ter um passado como “escrava”, ou seja, ser vista, pelos “donos do mundo”, como “objeto” desde sempre, feita para servir, “disponível” a qualquer hora e pra qualquer coisa, mas ainda indigna de se postular a ser gente.

Continente afora, mulheres negras que também tem suas raízes nos povos nativos da região sofrem níveis absurdos de opressão e exploração, como toda e qualquer estatística feita na América Latina e no Caribe comprova. Frente a esta realidade precisamos travar uma luta diária contra o machismo e o racismo e a exploração capitalista que se alimenta destas formas de opressão.

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