Áudio com teor golpista de ministro do TCU gera revolta
O ministro Augusto Nardes, do Tribunal de Contas da União (TCU), tirou licença médica após áudio com tom golpista e antidemocrático vazar na internet na semana passada. Em áudio enviado a amigos do agronegócio, Nardes afirma que “está acontecendo um movimento muito forte nas casernas” brasileiras, e que “é questão de horas, dias, no máximo, uma semana, duas, talvez menos do que isso”, para um “desenlace bastante forte na nação ocorra”, disse referindo-se a movimentos que questionam o resultado das eleições.
O áudio teve uma reação enérgica de ministros do TCU, autoridades e de parlamentares que convocaram o ministro a dar explicações. Partidos como PT e PSB também acionaram o Supremo Tribunal Federal (STF) para que o Augusto Nardes seja incluído no inquérito que investiga a promoção e financiamento de atos antidemocráticos.
Com a repercussão negativa, o ministro chegou a fazer uma retratação dizendo que houve erro de interpretação. “Não estimulei e jamais estimularia atos violentos contra as instituições. Minha fala, que foi postada em grupo privado e restrito de mensagens, apenas compartilhou informações e externou minha percepção sobre fatos e acontecimentos em curso, dos quais não tenho qualquer domínio ou responsabilidade”, afirmou. Entretanto, as reações contrárias a mensagem permaneceram.
Em nota pública, a Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon), o Conselho Nacional de Presidentes dos Tribunais de Contas (CNPTC) e o Instituto Rui Barbosa (IRB) repudiam o teor da mensagem de áudio do ministro Augusto Nardes, o que consideram “sério agravo à legitimidade democrática e ao ordenamento jurídico, em contexto também incompatível com a atuação da magistratura de Contas, que deve fidelidade absoluta às normas de regência (sobretudo a Lei Orgânica da Magistratura Nacional)”.
A Direção Nacional (DN) da FASUBRA Sindical repudia a grave fala do ministro e destaca que manifestações golpistas que atacam a democracia e o Estado Democrático de Direito devem ser punidas com o rigor da Lei.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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