Trabalhadores da Uerj lutam contra estado de penúria e miserabilidade

14:04 | 5 de abril de 2017

 

 

 

Mais de 5.000 trabalhadores em reação à política de destruição do serviço público, lutam para trazer de volta a dignidade e o direito à vida.

 

A FASUBRA Sindical tem acompanhado com muita atenção a crise na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Em dezembro de 2016, a Federação realizou o Seminário dos Trabalhadores das Estaduais, com ênfase na situação da Uerj.

 

O estado do Rio Janeiro passa por um momento de crise financeira aguda, devido a corrupção articulada pelo ex-governador Sérgio Cabral, e que atinge a gestão do atual governo de Luiz Fernando Pezão, ambos do PMDB. O primeiro se encontra encarcerado por desvio de verba e formação de quadrilha, o segundo cassado por abuso de poder econômico e político.

 

A coordenação das Estaduais têm feito diversas ações como denúncia contra o governador do estado, ações junto a Assembleia Legislativa do RJ (Alerj), ao congresso nacional e  participado dos atos e assembleias.

 

A Federação entende que a situação na Uerj não é um caso isolado. Este modelo de sucateamento e desmonte também ocorre em universidades dos estados de São Paulo, Paraná, Rio Grande do Norte, Paraíba entre outras.

 

Segundo a coordenação das Estaduais, a saída é a unificar a luta em todo o país! “O projeto do governo federal para as universidades públicas federais é o mesmo que vem sendo aplicado em muitos estados. Congelamento e ou parcelamento de salário e décimo terceiro, fim do concurso público, terceirização em todo o processo de trabalho, demissão voluntária, diminuição ou cancelamento do repasse de verbas, dentre outros ataques”.

 

Os trabalhadores técnico-administrativos  e  professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), mais uma vez, esclarece situação de crise que se aprofunda na instituição. Considerada patrimônio do estado do Rio de Janeiro, a universidade tem papel importante para o desenvolvimento econômico, político, cultural e educacional do país, segundo nota do Fórum Nacional de Educação (FNE).

 

De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Públicas Estaduais do Rio de Janeiro (Sintuperj), diante do cenário insustentável de atrasos salariais, do 13º salário de 2016 e da ausência de financiamento da universidade, os técnico-administrativos estão em greve desde o dia 16 de janeiro de 2017.

 

5.000

Mais de 5.000 trabalhadores em reação à política de destruição do serviço público, lutam para trazer de volta a dignidade e o direito à vida.  A participação ativa dos trabalhadores nas mobilizações de rua em defesa do serviço público, gratuito e de qualidade, tem sido marcada pela repressão violenta da Polícia Militar do Rio de Janeiro.

 

No dia 24 de janeiro, a matéria veiculada pelo jornal O Globo, sobre a crise das universidades Uerj, Norte Fluminense (Uenf) e da Zona Oeste (Uezo), mostrou que as instituições  deixaram de receber cerca de R$ 402,5 milhões do governo.

 

Corte de 30% dos salários

O governador do Rio de Janeiro, Luiz Pezão, anunciou no dia 24 de março o corte de 30% dos salários dos servidores docentes e técnico-administrativos da Uerj que estiverem em greve.

 

Penúria e miserabilidade

Em conversa com  Antônio Virgínio Fernandes, coordenador do Sintuperj, a FASUBRA Sindical constatou a situação de penúria e miserabilidade. “Não temos nenhuma perspectiva, haja vista que o governador até o momento não se manifestou quando vai pagar o salário de fevereiro, 13º salário (2016), nem se fala”.  

 


 

Segundo Virgínio, “há um mandado de segurança na mão de um desembargador para que opine sobre o despacho do Ministério Público, concedendo uma liminar a nosso favor, obrigando o pagamento pelo governo”.

 

A universidade continua sem receber as verbas de custeio, para pagamento dos terceirizados, inclusive, para manter a limpeza e conservação. “Então a situação está neste pé, sem nenhuma perspectiva”, disse o coordenador.

 

Na luta

A perspectiva dos trabalhadores é continuar nas ruas, na luta com todos os servidores públicos, pressionando o governo. Virgínio relatou desapontado, “chegamos ao ponto de não ter dinheiro nem para nossa alimentação, ficamos dependentes de parentes e amigos para nos locomover”.

 

Mesmo diante das dificuldades, o coordenador destacou a força dos trabalhadores da Uerj, “temos participado de todos os atos das centrais contra a Reforma da Previdência, Trabalhista e do processo de terceirização sancionado na sexta (31/03), contra o pacote de maldades que o governador quer impor aqui, e que nós conseguimos resistir até agora na Assembleia Legislativa”.

 

Escolha política   

Para o Sintuperj, se hoje milhares de alunos estão fora da sala de aula e as atividades acadêmicas e de extensão estão paradas, é consequência direta de uma política implementada há anos e agravada entre 2015-2017. “Com custeio praticamente zerado, o governo do PMDB representado no estado por Pezão, destrói os sonhos de uma juventude ávida em retomar as atividades e se formar e, também, de milhares de famílias dos trabalhadores que dependem de seus salários para sua subsistência”.

 

A UERJ atualmente conta com 8 mil servidores e atende cerca de de 40 mil alunos, entre graduação e pós-graduação, com duas grandes Unidades de Saúde (Hospital Universitário Pedro Ernesto – HUPE e PPC – Policlínica Piquet Carneiro) com assistência de alta complexidade e mais de 60 áreas de especialidades e subespecialidades, integrando a rede SUS como referência nacional.

 

“Não garantir os recursos tão necessários para sua manutenção é escolha política consciente de um governo que já provou não ter compromisso com o interesse público”, afirma o sindicato. Para completar, centenas de trabalhadores terceirizados foram demitidos em 2016, sem receber direitos.

 

Veja as principais causas da crise na UERJ, segundo docentes e trabalhadores:

 

– Nós professores da UERJ não estamos em greve e nem paralisados há 5 meses.

 

– O governo não repassa a verba para manutenção e custeio da UERJ.

 

– A Reitoria está adiando o início das aulas por falta de condições.

 

– Estamos sem salário de fevereiro e décimo terceiro.

 

– Estudantes sem bolsas e funcionários sem salários.

 

– A UERJ está sem trabalhadores de limpeza e de manutenção, por falta de salários desde fevereiro e não existe previsão de nova licitação para a contratação.

 

– Pezão faz anúncio sobre redução de 30% dos salários de professores na mesma semana em que cerca de 300 milhões de reais (desviados pela corrupção do governo onde ele foi vice) são devolvidos ao estado.

 

– Pezão não quis reduzir os supersalários dos Secretários, mas joga nos trabalhadores da UERJ a conta da crise.

 

– Não recebemos aumento salarial há doze anos! A única forma de reajuste que existe para a nossa categoria é por meio dos triênios (5% a cada três anos, índice muitíssimo mais baixo que a inflação!) e através de ascensão em Plano de Carreira que corresponde a índices de produtividade acadêmica e tempo de serviço.

 

 

Entenda a crise no estado do Rio de Janeiro e o desmonte da Uerj

 

 A FASUBRA continuará na luta com os companheiros da Uerj até que se apresente solução para o problema, atendendo as reivindicações dos trabalhadores e pela preservação da universidade. A Uerj, sem sombra de dúvidas é um patrimônio do estado do Rio de Janeiro e do Brasil”.

 

Com informações: Assessoria de Comunicação Sintuperj

Foto: Yasuyoshi-Chiba–AFP—Carta-Capital

 

Assessoria de Comunicação FASUBRA Sindical

 

 

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