Trabalhadores da Funpar/HC farão greve para se manter na base do Sinditest-PR

11:41 | 5 de maio de 2016

 

Unanimidade: trabalhadores Funpar/HC querem continuar sendo representados pelo Sinditest-PR

Os trabalhadores da Fundação da Universidade Federal do Paraná (Funpar) lotados no Hospital de Clínicas (HC) deliberaram na manhã desta quarta-feira, 04, por entrar em greve geral a partir da próxima segunda-feira, 09. O motivo é a recusa da administração da Funpar de negociar com a diretoria do Sindicato dos Trabalhadores em Educação das Instituições Federais de Ensino Superior no estado do Paraná (Sinditest-PR) o acordo coletivo de trabalho 2016-2017 da categoria.

A data-base dos funcionários da Fundação é o dia 1º de maio. A pauta reivindicatória à patronal no dia 12 de abril. Na tarde de ontem (terça-feira, 03 de maio), em uma reunião em que o sindicato esperava obter uma resposta da Fundação, o advogado Luiz Antônio Abagge alegou que não poderia negociar, por força de decisão judicial, de junho de 2015, que dava ao Sindicato dos Empregados em Associações Culturais Recreativas, de Assistência Social, de Orientação e Formação Profissional no Estado do Paraná (Senalba-PR) o direito de representar a base dos trabalhadores da Funpar/HC. A decisão é da 8ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho.

 

A reposta à postura do advogado da Funpar veio do assessor jurídico do Sinditest-PR, Avanilson Araújo: “Abagge, todo ano tem um negócio desses. Já faz três anos que você me apresenta algum ofício parecido com isso”, alfinetou. “Existe uma coisa chamada postura política. Esse sindicato negocia acordos coletivos com a Funpar há mais de 20 anos. A gente sempre enfrentou esse problema e isso nunca foi empecilho para a negociação. Hoje, você decidiu tumultuar. Amanhã, na assembleia, eu vou defender greve geral a partir da primeira hora do prazo legal”, avisou.

 

A assembleia

Tanto a greve geral como a defesa do Sinditest-PR como entidade legítima para representar a base dos trabalhadores da Funpar foram aprovados por unanimidade na assembleia desta quarta, que teve a presença de cerca de 200 pessoas. O clima foi de enfrentamento.

 

“Eu não sei se vocês lembram, mas há 22 anos, nós botamos um sindicato pra correr desse hospital, o Sindesc [Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Curitiba]. Por que não podemos colocar esse [Sindalba-PR] pra correr também?”, questionou o servidor Carlos Monteiro da Silva. “Daí me perguntam: Carlos, você não tem medo de ser mandado embora? Eu já fui mandado embora”, disse, referindo-se ao acordo firmado entre reitoria e Ministério Público, que estabelece que até 2019 todo os funcionários da Funpar devem ser demitidos do HC. “Querem antecipar isso? Assinem o papel.”

 

“O doutor Abagge é sempre uma incógnita, ele sempre tem um truque”, discursou Rosana Regina Nunes da Silva, que também faz parte da comissão montada para negociar o acordo coletivo deste ano com a administração da Funpar. “Mas ontem ele foi rasteiro, ele foi sujo, ele apenas jogou aquele papel na mesa”, acusou. “E agora é esse sindicato [Sinditest-PR] que nós temos que defender. Esse sindicato que nos deu o vale-alimentação, que está com a gente nas manifestações. Poucos sindicatos são fortes no Brasil. E o Sinditest-PR é um dos forte. O Senalba-PR é sindicato de patrão.”

 

“Nem a pau, Juvenal”

A palavra de ordem que deve guiar as manifestações de agora em diante a favor da representatividade do Sinditest-PR e pela abertura das negociações do acordo coletivo surgiu espontaneamente na assembleia desta quarta e faz referência ao presidente do Senalba-PR, Juvenal Pedro Cim.

 

 

 

Carmen Luiza Moreira: “A reitoria quer o Senalba porque eles fazem acordinhos na mesa, nos bastidores”.

 

Na segunda-feira, 09, a orientação do Sinditest-PR é que os trabalhadores da Funpar/HC se reúnam em frente à entrada principal do hospital a partir da 7 horas. Eles não devem bater ponto. “A greve é geral. Não precisamos manter os 30% dos serviços essenciais. E sabem por que isso é legal? Porque a nossa data-base é 1º de maio e a patronal se recusa a negociar”, garantiu Avanilson Araújo.

 De acordo com ele, a única forma de evitar a paralisação é a Funpar reconhecer a legitimidade do Sinditest-PR e abrir a mesa de negociação do acordo coletivo.

 “Nós não temos nada a perder. Vamos pra frente do TRT [Tribunal Regional do Trabalho]. Pra frente do Senalba-PR. Vamos gritar na orelha do Juvenal”, discursou.

 

Coordenadora-geral do Sinditest-PR, Carmen Luiz Moreira lembrou que este ano também está em jogo, na UFPR, o projeto de poder da reitoria, e que ele pode ser definido pelo voto dos funcionários da Funpar. “Esse ano é ano de eleição para a reitoria. Temos que perguntar quem vai apoiar a Funpar. Porque a Funpar vota. E se ninguém apoiar, a gente não vota. A gente anula o voto”, projetou. “Qual é a categoria que mais sofre nesse hospital? Qual é a que mais luta? Qual é a que vai pra frente do gabinete do reitor fazer pressão? A Funpar. Por isso eles querem o Senalba e não a gente. Porque o Senalba faz acordinho na mesa, nos bastidores.”

 

Também diretora do Sinditest-PR, Carla Cobalchini concluiu a assembleia com um chamado: “Vamos arrancar a vitória na unha, que o que a gente sabe fazer.”

 

Sandoval Matheus,

Assessoria de Comunicação do Sinditest-PR.

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