Seminário da Contua: Uruguai, Argentina e Brasil trocam informações sobre modelos de gestão dos HUs

15:22 | 2 de março de 2012

Delegados do Uruguai, Argentina e Brasil presentes ao Seminário Internacional da Contua, que prossegue  na Câmara dos Deputados, apresentaram,  dia 02/3, os modelos dos hospitais universitários em seus países.

 

 

No Uruguai, desde a criação os hospitais universitários o tema central sempre foi a gestão. Lá se discutia a gestão como atribuição do governo ou das universidades, conforme informou Diego Alonso, representante da União dos Trabalhadores dos hospitais Universitários. No entanto, atualmente, o debate está mais voltado para o cumprimento do papel dos HUs enquanto instrumento de atendimento à saúde pública naquele país e no avanço das condições tecnológicas que possibilitariam
melhoria nos serviços prestados.

Para Alonso, a grande preocupação hoje é de que o hospital seja a fonte criadora, a ponta de lança de alta tecnologia de saúde, e para isso seria necessário promover uma revolução no modelo econômico de forma a favorecer o interesse da população e não à lógica capitalista. “O que se propõe hoje em termos de hospitais universitários é um conflito de classe entre aqueles que querem fazer prevalecer o mercantilismo e os que defendem o interesse da população”, ressaltou o uruguaio. Ele acrescentou ainda que há necessidade de se implementar no país uma forma de controle social na gestão dos HUs.

Na Argentina o modelo adotado é privado, o país possui um sistema misto de saúde, com cobertura aberta que atende a toda a população também de países vizinhos. Lá os hospitais universitários são responsáveis por 40% do atendimento, e não possuem tanta intervenção do estado na gestão, pois este atua apenas como coordenador do sistema de saúde. A representante da Apuba, Mírian Borrajo, disse que os hospitais atuam em três frentes: educação pesquisa e atendimento. “Como debilidades, no entanto, sofremos com o orçamento que não é próprio, a falta de representantes com voz e voto nos Conselhos Superiores, e a necessidade de integrar – regularizar – a situação de diversos trabalhadores em regime precário que estão nos nossos hospitais”, disse.

Pelo Brasil, coordenador geral da Fasubra Paulo Henrique dos Santos fez um resgate histórico da situação dos hospitais universitários, disse que a Fasubra vem combatendo o duro ataque implementado pelo governo no sentido de privatizar os HUs para fazer prevalecer a lógica de mercado nos hospitais universitários. Um exemplo seria a criação da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), que teria por objetivo atender a demanda por recursos para cobrir as despesas geradas dos HUs.

De acordo com Santos, a lei que criou o SUS e descentralizou os serviços de saúde – que passaram a ser responsabilidade do governo federal, estados e municípios – ocasionou uma superprocura dos hospitais universitários pela população que dependia de atendimento médico, pois os municípios e estados não conseguiram suprir a demanda, principalmente por procedimentos de alta complexidade.

Santos também fez um retrato dos hospitais universitários brasileiros. Hoje o país possui 46 HUs, que possuem 32 mil trabalhadores regidos pelo regime jurídico único e mais 27 mil precarizados, ou seja, realizam trabalho em regime avulso.

Finalizando sua fala, Paulo Henrique disse que “a luta que a Fasubra encampa desde o surgimento da Medida Provisória 520/10 (propôs a criação da EBSERH), remonta  décadas e tem por foco principal acabar com o trabalho precarizado nos HUs, mas também engloba a luta pela manutenção da autonomia universitária e do trinômio ensino/pesquisa e extensão como característica dos HUs, que teriam ainda missão de formar os profissionais de saúde”.

Encerrando a mesa, o coordenador Luiz Antônio de Araújo Silva conclamou os trabalhadores técnico-administrativos a se manifestarem contra todos processos neoliberais que tem interferido na gestão da coisa pública nos diversos países da América Latina e Caribe, respeitadas as devidassutilezas.

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Texto: Carla Jurumenha – ASCOM Fasubra

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