Semana da Consciência Negra – Comunidades Kalunga

15:23 | 13 de novembro de 2015

Novembro – mês da Consciência Negra

Rememorar para não esquecer a história dos nossos ancestrais negros

 

 


 

 

Herança étnica cultural da comunidade negra no Brasil

 

Por Luciana Castro

 

Umas das riquezas culturais de nosso país são as Comunidades Kalunga. São descendentes de negros escravos do período da colonização, fugidos e libertos das minas de ouro na região central do Brasil. Há cerca de duzentos anos, viveram isolados em locais de difícil acesso e formaram comunidades autossuficientes, que resistem até os dias atuais. De acordo com a Fundação Cultural Palmares, com dados atualizados até setembro de 2015, no total são 2607 Comunidades Remanescentes de Quilombos. A maior parte das Comunidades Kalunga está localizada nos municípios de Cavalcante, Teresina de Goiás, Monte Alegre de Goiás (272 mil hectares) e também as Comunidades Remanescentes Quilombola de Kalunga do Engenho II (GO) e de Buiuçú, Maripi, Taperu e Tauerá no Pará.

 

O contato com o povo branco se deu em 1982. Ainda não sabiam que a escravidão havia acabado e não conheciam o dinheiro, a comercialização era realizada por escambo. Foram descobertos após um projeto de construção de uma hidrelétrica ser cancelado, devido a um grupo de antropólogos chamar a atenção do governo por causa das famílias Kalungas que seriam desabrigadas.

 

O II Encontro de Pesquisadores sobre os Quilombolas-Kalunga, realizado pela Universidade Federal de Goiás, apresentou alguns aspectos negativos que dificultam a preservação dos Kalunga. Um dos desafios dos quilombolas é serem considerados de fato cidadãos brasileiros que carregam a tradição e origem afro-brasileira. Na realidade, de acordo com os estudos do encontro, muitos sofrem preconceito e “bullying”. A demarcação de terra (titulação) também é uma dificuldade encontrada pela comunidade.

 

Os quilombolas ainda vivem um quadro de extrema vulnerabilidade com baixos rendimentos, condições precárias de moradia, pouco acesso a equipamentos, sofrem com a intolerância religiosa e falta de políticas afirmativas que façam valer os direitos estabelecidos desde a Constituição de 1988.

 

A última boa notícia para os quilombolas, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), será a instalação de energia elétrica por meio de uma parceria entre a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), O Ministério de Minas e Energia (MME) e a Companhia Energética de Goiás.  

 

A importância na luta pela preservação dos Kalunga e seus diretos, deve ser observada pelo Estado e pelos brasileiros. São patrimônio histórico e cultural da nação, exemplo de um povo que resistiu à escravidão e sobreviveu construindo sua história.

 

Foto: divulgação

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