Segurança nas universidades e combate à radicalização pautam debates no seminário nacional

19:16 | 10 de outubro de 2025

O último dia do XXXI Seminário Nacional de Segurança das IFES e EBTTs, realizado em Brasília, foi marcado por reflexões profundas sobre os desafios da segurança nas universidades e escolas públicas diante do crescimento de ataques e ameaças motivadas por discursos de ódio e processos de radicalização nas redes sociais.

O deputado federal Leonel Gutierrez Radde, ex-policial e especialista em investigação de crimes violentos, abriu o debate compartilhando experiências da Divisão de Homicídios de Porto Alegre. Segundo ele, diversas investigações já conseguiram impedir atentados em instituições de ensino, revelando que muitos casos de violência escolar têm conexão com grupos de extrema direita e comunidades virtuais que disseminam ideologias de ódio, especialmente contra mulheres e minorias.

Radde explicou que esses grupos utilizam a “gamificação” como ferramenta de recrutamento de jovens, por meio de desafios que estimulam a violência. “Eles começam com pequenas ‘missões’, como agredir animais ou atacar pessoas em situação de rua. Aos poucos, são levados a ambientes virtuais mais restritos, onde recebem validação e incentivo para atos cada vez mais graves”, relatou. O parlamentar alertou ainda que a radicalização se alimenta de discursos de intolerância, racismo e misoginia, e que é fundamental capacitar professores e gestores para identificar sinais precoces de risco. “A liberdade de expressão não pode ser usada como escudo para crimes de ódio. O antifascismo não é de esquerda nem de direita — é uma defesa da própria humanidade”, concluiu.

Durante as intervenções da plateia, participantes do seminário, ressaltaram a necessidade de aprofundar o debate sobre desmilitarização, prevenção da violência e saúde mental nas universidades. Também foram mencionados os impactos das redes sociais na difusão de teorias conspiratórias e no incentivo a comportamentos extremistas, principalmente entre jovens.
Os debatedores defenderam que a construção de ambientes acadêmicos seguros passa pela promoção de empatia, escuta e pensamento crítico. “É preciso desenvolver meios emocionais de conexão, capazes de reativar a sensibilidade e a humanidade das pessoas”, observou um dos participantes. Em um dos momentos mais simbólicos do encontro, uma servidora lembrou que o antifascismo é um compromisso ético universal, ressaltando que até mesmo o Evangelho prega o acolhimento e o respeito ao próximo — valores que devem orientar as práticas sociais e institucionais.

Encerrando as atividades, os organizadores encaminharam a votação de propostas e a eleição da comissão organizadora do próximo seminário que será realizado em Teresina/Piaui.
O fechamento da mesa reafirmou o compromisso coletivo dos participantes com a defesa de um ambiente acadêmico seguro, inclusivo e democrático, onde o combate à radicalização se dá por meio do diálogo, da educação e da união entre servidores, estudantes e gestores.

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