O protagonismo das Universidades Federais e da ciência na luta contra o novo coronavírus

16:15 | 6 de abril de 2020

A sociedade brasileira deve reconhecer o protagonismo das Universidades Públicas Federais e Institutos Federais na luta contra a pandemia do novo coronavírus-COVID-19. Mesmo com a suspensão do calendário de aulas, estudos e pesquisas continuam sendo produzidos pela comunidade acadêmica em todo o país. É importante destacar que as Universidades Federais são responsáveis por cerca de 95% das pesquisas no Brasil, inclusive as de Saúde, como a do genoma do corona.

Em um momento de crise sanitária, pesquisadores e cientistas correm contra o tempo. Os trabalhos vão desde o sequenciamento genético do coronavírus, feito pela USP (Universidade de São Paulo) em parceria com o Instituto Adolfo Lutz e a Universidade de Oxford, da Inglaterra, com apenas 48 horas após o primeiro caso no Brasil; até a produção de novos testes para identificar o vírus, protótipos de respiradores, EPIs, álcool em gel, fármacos, entre outros.

Ataques do governo às Universidades Federais

Há quase um ano, as Universidades Federais sofreram um dos maiores ataques da atualidade. No dia 30 de abril de 2019, o MEC (Ministério da Educação) anunciava, em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”, cortes nos recursos das universidades que agora experimentam as consequências. O ministro Abraham Weintraub disse que a pasta cortaria recursos de instituições que não tivessem bom desempenho e estivessem promovendo “balbúrdia” em seus campi. Após críticas, o MEC recuou e estendeu o bloqueio a todas as instituições federais.

Em novembro do ano passado, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, atacava novamente as universidades federais, sem apresentar provas. Em sua fala, o ministro disse que há “plantações extensivas de maconha” nas universidades, “a ponto de precisar de borrifador de agrotóxico”. Ele ainda acusou laboratórios de química de produzirem metanfetamina.

Agora o governo federal volta atrás e anuncia recursos no combate à pandemia para as universidades, bem como a concessão de 2,6 mil bolsas para estudos de epidemias, além de convocar estudantes da área de saúde, como medicina, enfermagem, farmácia e fisioterapia para serem alocados em unidades básicas de saúde, unidades de pronto atendimento, rede hospitalar e comunidades.

Onde estão as plantações extensivas de maconha que o ministro não apresentou provas até hoje? O MEC voltou a reconhecer a importância do papel da ciência e da pesquisa após humilhar professores(as), técnico-administrativos(as) e alunos? As universidades federais agora são indispensáveis no combate à pandemia na visão do governo federal?

Trabalho das Universidades Federais no combate ao vírus

Exemplos da atuação de pesquisadores e cientistas das universidades do Brasil não faltam. A UFPEL (Universidade Federal de Pelotas) anunciou, nesta segunda-feira (6/4), que dará início a uma pesquisa com 18 mil moradores do Rio Grande do Sul a fim de saber quantas pessoas estão infectadas com o novo coronavírus no estado. No próximo dia 9/04, a UFPEL estenderá a pesquisa para todo o território nacional, em parceria com o Ministério da Saúde, com cerca de 100 mil brasileiros, de 133 cidades de todo o país. A iniciativa tem o objetivo de saber o exato percentual da população infectada já que os dados atuais são uma estimativa.

No Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, UFU (Universidade Federal de Uberlândia), UFTM (Universidade Federal do Triângulo Mineiro) e IFTM (Instituto Federal do Triângulo Mineiro) utilizam impressoras 3D para construírem máscaras de proteção para serem doadas aos hospitais e outros equipamentos.

Pesquisadores da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) também informaram que estão desenvolvendo um protótipo de ventilador pulmonar mecânico para ser reproduzido em massa. O equipamento poderá contribuir para suprir a necessidade dos hospitais por esses aparelhos.

A UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) recebeu recursos para produzir aproximadamente 100 mil testes da Covid-19, além de equipamentos de proteção individual (EPIs).

Já o laboratório da UFPB (Universidade Federal da Paraíba), está produzindo álcool com 70% glicerinado para suprir a falta no mercado e também para a comunidade universitária. O álcool 70% glicerinado tem o mesmo efeito que o álcool em gel, podendo ser instalado em qualquer borrifador.

Este é um momento de valorizar a Saúde, a Educação, o SUS (Sistema Único de Saúde), os Hospitais Universitários e seus profissionais, que tanto sofrem no país devido ao congelamento de investimentos por 20 anos, com a EC 95. A FASUBRA Sindical defende a imediata revogação da EC 95, sob o risco de milhares de pessoas morrerem.

Segundo dados do Conselho Nacional de Saúde (CNS), o prejuízo em relação ao SUS (Sistema Único de Saúde) já chega a R$ 20 bilhões. Ao longo de duas décadas, os danos são estimados em R$ 400 bilhões. Quem sofre as consequências é a população.

Com informações de agências.

Foto: Artur Moês – Coordcom/UFRJ

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