NPC

15:07 | 27 de novembro de 2010

Homenagem aos 100 anos da Revolta da Chibata

A Revolta da Chibata, foi um movimento dos marinheiros brasileiros comandados pelo “Almirante Negro” João Cândido, completou 100 anos no dia 22 de novembro. Leva esse nome justamente porque os marinheiros, em pleno limiar do século 20, sofriam com um castigo brutal: as chibatadas, nos tempos nefastos. Ao lado dessa verdadeira tortura, as condições dos militares subalternos nos navios de guerra do Brasil eram extremamente desumanas, tanto em relação ao estafante e degradante trabalho quanto à alimentação e aposentos, um cenário que lembrava os mais cruéis navios negreiros. Um detalhe: a maioria dos marinheiros era formada por negros e mulatos.

Homenagem às mães que perderam seus filhos
No dia 25 de novembro, além da homenagem a Revolta da Chibata, ocorreu uma homenagem às mães que perderam seus filhos, na mais pura violência do Rio de Janeiro.

Foi o painel mais debatido entre os participantes às mães perderam seus filhos assassinados como se fossem traficantes e na verdade não eram. Essas mães buscaram ajuda e passados mais de 08 anos, provaram a inocência dos seus filhos. As mesmas afirmaram “perdemos nossos filhos, eles não voltam mais, mas conseguimos provar com dignidade para o Estado Brasileiro, que eles não eram traficantes, e sim, negros que moravam em favelas, e foram assassinados injustamente”.

Os palestrantes do dia 25 de novembro, no período da manhã, debateram “A década do medo, mídia, violência e Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), e foram os seguintes – Márcia Jacinto, da Rede contra a Violência, Orlando Zaccone, delegado de polícia, Pedro Strozemberg, Sub-secretário de defesa e promoção dos direitos humanos, José Arbex, jornalista da Revista Caros Amigos e  professor de Comunicação da PUC-SP, e o MC Leonardo, APA do Funk.

Orlando Zaccone, orientou aos jornalistas para que tenham um olhar crítico sobre o tema que envolva a favela, a violência e o crime. Os jornalistas e toda a sociedade precisam desvincular a favela da violência e do crime.
Zaccone, aponta que “para a favela deixar de ser criminalizada a saída é resgatar os fatos e desvincular todo o fenômeno da desigualdade social da política de segurança pública”.

O Jornalista, José Arbex, relatou que a polícia é violenta porque a sociedade é violenta, e também porque aplaude as barbaridades que eles fazem dentro das favelas. Além disso, ele fez um apelo aos participantes, “não é possível, não é admissível que o sindicato não coloque em pauta a favela, o morticínio. Se tivesse uma resistência organizada no país, não falariam isso do povo na televisão”. Reafirmou ainda que “estamos quietos, estamos calados, quando os favelados se levantarem e falarem, chega, ai sim vai acontecer à revolução”, finalizou o Jornalista.

O Sub-secretário de defesa e promoção dos direitos humanos, Pedro Strozenberg, comentou que “estamos numa democracia, ela precisa ser radicalizada”.

Para o MC Leonardo, morador da Roçinha há anos e um dos mais aplaudidos pelos participantes do NPC, “o que o Rio está vivendo é resultado da criminalização da favela, onde se culpa sempre a favela pela violência, onde tudo se resolve com a violência, e também ele fez uma observação para os jornalistas “que a mídia tem papel fundamental nisso tudo, já que ela, com seus interesses empresariais e com um punhado de preconceito de censo comum, fazem jornais sensacionalistas, pondo o pobre, o negro e o favelado sempre como o marginal”.

No período da tarde, o painel foi a Comunicação e os valores culturais – África, América Latina e Brasil, e contou com os palestrantes; Adelaide Gonçalves, Historiadora da Universidade Federal do Ceará, Ademar Bogo, do Movimento dos Sem terra, Edson Borges, Historiador da UNCAM e Roseli Goffman, do Conselho Federal de Psicologia.

Entidades de base da Federação presentes no evento – SINDIFES, SINTESRN, SINTUFEPE-RURAL ASSUFOP e SINTESPB. Este ano o curso acontece no auditório da Caixa Econômica, na cidade do Rio de Janeiro, de 24 a 28 de novembro.

O evento encerra amanhã no período da manhã e contará com a exibição e debate do filme “Ao Sul da Fronteira, O Poder da mídia no Séc. XXI, e as respostas na América Latina”, com os palestrantes- João Pedro Stédile (MST) e Vânia Bambirra, Cientista Política do Rio de Janeiro.

Entrevistas com as entidades de base da Federação você poderá conferir nos próximos dias, e o relatório será entregue na reunião da DN, que acontecerá antes da Plenária dos dias 10 e 11 de dezembro.
 
Jornalista – Raquel Carlucho

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