Mulheres no combate à pandemia: “Realmente é uma sensação de guerra, de medo, de pânico”, diz TAE de Manaus/AM

11:45 | 9 de março de 2021

Um 8 de março totalmente atípico, mas de muita luta. O Brasil amanheceu com faixas, cartazes e atos simbólicos representando o grito das mulheres contra as injustiças, por direitos, respeito e, principalmente, pela vida. As mulheres ganharam novos papéis em meio a maior pandemia do século, mas também são as principais vítimas da crise sanitária. Enfrentam jornadas duplas, triplas, o aumento da violência doméstica e de feminicídios, o empobrecimento e ainda são maioria na linha de frente do combate à COVID-19.

Neste 8M de 2021, a FASUBRA Sindical se solidariza com aquelas que perderam ou lhe tiraram a vida e homenageia, em especial, as profissionais de saúde que trabalham exaustivamente no combate à pandemia. Com o tema “Pela vida das mulheres, fora Bolsonaro e Mourão”, a Federação destaca o papel e a importância das mulheres de luta, contra todas as mazelas impostas por uma sociedade cada vez mais machista e excludente, reflexo da atual política de Bolsonaro.

Rosimeiry Ferreira, 51 anos, mais conhecida como Rose, técnica-administrativa em educação (TAE) da Universidade Federal do Amazonas e há 30 anos técnica em enfermagem do Hospital Universitário Getúlio Vargas, em Manaus/AM, é exemplo de superação. Rose é casada, tem duas filhas e conta que vivencia os piores momentos de sua vida na linha de frente do Hospital Universitário da capital amazonense. “Realmente é uma sensação de guerra, de medo, de pânico. Ficar de frente a uma situação dessa, sem o governo não nos apoiar em nada, é terrível”, desabafa. A TAE ainda atua no Sintesam (Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Superior do Estado do Amazonas), como coordenadora de Finanças e Administração.

Rose relata como foi na 1ª onda, quando foi acometida pelo vírus, em abril de 2020. “Fiquei 30 dias em casa, com 50% do pulmão comprometido, cansaço, minha saturação ficou em 96. Fiquei muito abalada e com muito medo de morrer. Venci a COVID-19 e voltei a trabalhar, mas com muito medo. No hospital não tivemos preparo para atender os pacientes. Faltava o básico, como máscaras e EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) eram escassos. Uma máscara era somente para o plantão de 12h noturno, hospitais lotados, sem equipamentos, foi horrível”, denuncia.

Na 2ª onda, conforme a técnica-administrativa, o Hospital Getúlio Vargas enfrentou momentos de falta de oxigênio. “Foi terrível, mais uma vez, chocante, vocês viram o que saiu na mídia. Muitos pacientes entubados, morrendo, respirador alertando o tempo todo. Perdemos vários colegas na 1ª onda e, nesta 2ª, está sendo pior ainda. A 2ª onda vem com essa cepa mais feroz e com uma contaminação mais elevada. A gravidade realmente é maior. Os colegas adoecem hoje e, em dois, três dias, vêm a óbito”, lamenta.

Rosimeiry afirma que os profissionais de saúde do estado estão se preparando emocionalmente para o pior: a 3ª onda. “Vou trabalhar todos os dias para os plantões, mas com muito medo. Meu emocional continua abalado, a pressão arterial aumenta, tenho insônia, enfim, estamos sobrevivendo porque temos que sobreviver, temos famílias. Manaus está um caos e as autoridades recentemente reabriram o comércio, não tem mais lockdown, e vamos ver o que acontece. Estamos nos preparando emocionalmente para a 3ª onda”, diz com a voz embargada.

As trabalhadoras da saúde vem contribuindo desde o início da pandemia, seja nos Hospitais Universitários, seja nas Universidades e Institutos Federais no desenvolvimento de pesquisas e estudos, produzindo equipamentos como EPIs, respiradores e insumos como máscaras, álcool em gel, entre outros. A FASUBRA Sindical hoje homenageia Rosimeiry, como exemplo das mulheres que salvam vidas diariamente. Segundo o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), 85% da classe é formada por mulheres, que vivenciam jornadas extenuantes, muitas vezes, sem protocolos e o mínimo de proteção.

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