Fórum Social: Fasubra realiza oficina de ações afirmativas
Em uma sala da Faculdade de Educação da UFRGS totalmente lotada, a Fasubra Sindical realizou a Oficina Ações Afirmativas – A questão racial, acesso (cotas) e a permanência nas universidades. O encontro, que compôs as atividades do Fórum Social Temático 2012, reuniu professores, estudantes e sindicalistas que por mais de quatro horas discutiram os avanços e desafios da questão racialpara os anos.
Pela Fasubra falaram os diretores da coordenação de Raça e Etnia, Iaci Amorim e Rogério Marzola, que saudaram os presentes e os convidados Luiz Henrique Pereira, diretor da PUC/RS; o coordenador do Fórum Nacional dos Pró-reitores de Assistência Estudantil da Região Sul, Edilson Amaral Nabarro; e a coordenadora do DCE da UFRGS e graduanda em Políticas Públicas, Rejane Aretz.
Abrindo a oficina, a coordenadora geral da Fasubra, Léia de Souza Oliveira parabenizou a todos os presentes e a iniciativa da coordenadoria de Raça e Etnia. Ela relatou a iniciativa pioneira da federação de levar para dentro da universidade e para o Congresso Nacional a discussão sobre política de cotas, através do projeto Universidade Cidadã.
Já o coordenador-geral Rolando Malvásio reconheceu a imensa dívida que a sociedade brasileira tem para com o povo negro brasileiro, ressaltou a importância do debate para que seja feito o resgate histórico da luta da raça negra, que miscigenou e deu origem a formação atual do Brasil, e acrescentou que é “mais que justo” implementar a política de cotas nas universidades como forma de reduzir as desigualdades sociais.
Na seqüência, o representante da CUT do Rio Grande do Sul, Luiz Henrique Pereira, disse que é preciso que as entidades além de criticarem as políticas públicas implantadas, discutam a questão de cotas e raça internamente. “Enquanto não nos sentirmos parte disso, não poderemos exigir dos poderes constituídos uma política pública de igualdade racial adequada aos nossos parâmetros”, alertou.
Por sua vez, o pró-reitor da UFRGS Edilson Nabarro fez um relato de como está a política de cotas na UFRGS, repassou dados nacionais com base em estudos elaborados por órgãos nacionais e disse que “não é possível ter uma política de inclusão da sociedade negra, se não houver uma de permanência efetivada”. Segundo ele ainda grandes desafios a serem superados na interface acesso-inclusão-permanência.
Dados apresentados pelo reitor apontam que 44% dos alunos das universidades são provenientes da classe C, D e E. “Então temos que trabalhar pela inclusão de mais alunos das classes D e E. Por isso é preciso ter uma política, um conjunto de normas que estabeleça e supra essa carência.”, afirmou Nabarro, que acrescentou ainda que é imperativo que se encerre o processo de manutenção de privilégios que ocorrem ainda nas uniersidades. Por fim o pró-reitor conclamou a Fasubra a acompanhar “de pertinho” as políticas internas desenvolvidas pelas universidades acerca das cotas.
Já a representante do Diretório Central de Estudantes da UFRGS, Rejane Aretz, apresentou o projeto por um grupo de alunos para viabilizar e conscientizar as populações negas sobre o direito ao acesso à universidade, disse que a Fasubra é uma parceira inconteste na luta pela implementação da política de cotas e pela educação pública, gratuita e de qualidade; e defendeu o acesso universal às universidades. “O ideal para nós é de que a política de cotas seja para todos também. Hoje temos 14 milhões de
jovens analfabetos, então precisamos garantir não só estudo, mas também a capacidade dessas pessoas ser absorvida pela universidade. A política de cotas tem que ser ampla, como acontece em países como o México e Cuba”, defendeu.
Aretz ressaltou que ainda existem muitos desafios a serem superados, sendo um deles é a destinação de 10% do PIB para a educação, criticou a privatização e exigiu o cumprimento das leis que coíbam o racismo no âmbito universitário. Aretz lembrou a luta pela implantação das cotas foi um processo difícil, mas também uma conquista, embora seja urgente a necessidade de avanços para que no futuro possamos nos orgulhar. “Precisamos poder falar no futuro que temos todos os jovens na universidade”, finalizou.
Posteriomente foi aberto o espaço para debate onde os participantes abordaram as cotas, a situação do negro no BR, mulheres negras, entre outros.
Finalizando as falas, a coordenadora de Raça e Etnia da Fasubra, Iaci Azevedo, explicou as ações que a Federação tem implementado. “Temos orientado as entidades de base a atuarem junto às suas reitorias no sentido de aprovarem nos Conselhos Universitários a adoção de cotas raciais e a inclusão na grade curricular da disciplina de História e Cultura Afro-Brasileira como prevê a lei 10.639”.
Outra informação repassada pela diretora é a de que a coordenação de Raça e Etnia estará convocando a categoria para o V Encontro de Negros(as) e Militantes Antirracismo, que será em março próximo.
Para o diretor da pastade Raça e Etnia, Rogério Marzola, a oficina cumpriu seu papel. “Foi um momento importante de discussão e a repectividade das pessoas presentes aqui no Fórum foi marcante”, disse.
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Texto: Carla Jurumenha – Ascom Fasubra Sindical
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