FASUBRA repudia ataques do desgoverno divulgados em vídeo de reunião ministerial

13:21 | 26 de maio de 2020

O vídeo de reunião ministerial realizada no dia 22 de abril e que teve sua divulgação parcial na última sexta-feira (22/05), após decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Celso de Mello, gerou grande repercussão e indignação em setores da sociedade brasileira, no Legislativo, no Judiciário e em outros países. O ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, em depoimento à Policia Federal (PF), havia indicado o vídeo como indício de interferência do presidente na instituição. As investigações apuram se Bolsonaro agiu para evitar que familiares e amigos fossem investigados.

Justamente quando a pandemia do novo coronavírus (COVID-19) avança no país, trechos da reunião que pode ser comparada a um ‘show de horrores’, trouxe declarações reveladoras e intensificou a crise política. Fica evidente que não há políticas públicas para salvar vidas e não existe um projeto de governo. O vídeo mostra um presidente em cólera e completamente perturbado, disparando palavrões. Durante duas horas, Bolsonaro e seus ministros fazem diversos ataques e ameaças, ao que mais se parece uma histeria coletiva. Sobre a pandemia, pouco se fala na reunião.

Em um dos trechos que pode ser considerado prova como interferência na PF, Bolsonaro esbraveja: “Eu não vou esperar f* a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence a estrutura nossa. Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final! Não estamos aqui pra brincadeira”.

Em outro ponto da reunião, Bolsonaro critica que não recebe informações. “Eu não posso ser surpreendido com notícias. Pô, eu tenho a PF que não me dá informações; eu tenho a inteligência das Forças Armadas que não tem informações; a Abin tem os seus problemas, tem algumas informações, só não tem mais porque tá faltando realmente… temos problemas… aparelhamento etc”, diz.

Nesta semana, o procurador-geral da República, Augusto Aras, deve se pronunciar sobre os próximos passos da alegação de interferência na PF. Aras ainda não decidiu se irá dar andamento ou não ao processo do presidente. A previsão da PGR (Procuradoria-Geral da República) é de que a investigação se encerra no período de dois meses.

Ministros

Diversas falas dos ministros tiveram grande repercussão negativa, mas duas se destacaram. A do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que defendeu passar ‘a boiada’ e ‘mudar’ regras que podem ser questionadas na Justiça, enquanto o foco da sociedade e da mídia está voltado para o novo coronavírus. A fala de Salles foi considerada criminosa, provocou revolta na sociedade e chocou ecologistas e ambientalistas, já que foi registrado recentemente o maior desmatamento do país dos últimos 10 anos.

A fala do ministro da Educação, Abraham Weintraub, sobre colocar os ministros do STF na cadeia gerou grandes críticas, especialmente vindas da Suprema Corte. “A gente tá perdendo a luta pela liberdade. É isso que o povo tá gritando. Não tá gritando pra ter mais Estado, pra ter mais projetos, pra ter mais… o povo tá gritando por liberdade, ponto. Eu acho que é isso que a gente tá perdendo, tá perdendo mesmo. O povo tá querendo ver o que me trouxe até aqui. Eu, por mim botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF”, disse Weintraub.

Diversos ministros se pronunciaram após a divulgação do vídeo. Para Celso de Mello, o ministro cometeu “aparente crime contra a honra dos ministros do Supremo. “As expressões indecorosas, grosseiras e constrangedoras por eles pronunciadas —ensejou a descoberta fortuita ou casual de aparente crime contra a honra de integrantes do STF”, declarou.

Nesta segunda-feira (25/05), senadores aprovaram em votação simbólica a convocação do ministro da Educação para prestar explicações aos parlamentares sobre o que disse na reunião ministerial. Ainda não foi definida a data em que Weintraub será obrigado a comparecer ao Senado.

Já o ministro da Economia, Paulo Guedes, destacou que sua prioridade durante a pandemia era salvar as grandes empresas, que dão lucro, e não as pequenas e micro empresas, que são responsáveis pela maior quantidade de vagas de emprego no país. Em 2019, foram responsáveis por 75% das novas vagas de trabalho registradas, segundo levantamento feito pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). “Nós vamos ganhar dinheiro usando recursos públicos pra salvar grandes companhias. Agora, nós vamos perder dinheiro salvando empresas pequenininhas”, afirmou.

Guedes ainda defendeu a privatização do Banco do Brasil. “O BNDES e a Caixa, que são nossos, públicos, a gente faz o que a gente quer. Banco do Brasil a gente não consegue fazer nada, e tem um liberal lá. Então tem que vender essa p* logo”, declarou.

A FASUBRA Sindical repudia com veemência o desgoverno atual, defende a imediata investigação de supostos crimes cometidos pelos ministros e pelo presidente presentes no vídeo e, mais uma vez, denuncia a política egoísta e genocida de Bolsonaro.

Fora Bolsonaro e Mourão!

Todas as Vidas Importam!

A Vida Acima do Lucro!

Foto: Reprodução.

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