Falta de EPIs e condições de trabalho expõe trabalhadoras e trabalhadores de saúde
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, reconheceu nesta quarta-feira (1/4) que o Brasil pode sofrer um desabastecimento de equipamentos de proteção individual (EPIs) para profissionais de saúde nas próximas semanas, justamente durante a previsão do pico de casos do novo coronavírus- COVID-19 no país. No entanto, a FASUBRA Sindical já recebeu denúncias de que técnica-administrativas e técnico-administrativos em educação que atuam nos Hospitais Universitários (HUs) estão sendo expostos ao vírus por falta de equipamentos e condições de trabalho adequadas desde o início da pandemia.
Os 45 Hospitais Universitários (HUs) de todo o país estão recebendo e tratando a população infectada pelo coronavírus, pois possuem competência para atendimentos de alta complexidade e muitos são referência, com profissionais especializados para situações de risco à saúde pública. Mas por serem 100% SUS (Sistema Único de Saúde), sofrem com a crescente falta de investimentos em saúde e educação, consequências da EC 95. Muitos estão sucateados, com carência de profissionais, materiais, leitos e condições de trabalho precarizadas.
Conforme relatos à FASUBRA Sindical, em um hospital público de grande porte de São Paulo, profissionais da enfermagem estão apreensivos, pois além da falta de equipamentos adequados, falta o mínimo de organização. Demoram a isolar pacientes internados que ainda não têm o resultado do exame e, com isso, sem saber se é positivo ou não, os profissionais acabam se expondo mais do que deveriam porque não têm EPI adequado.
Após o resultado do exame dos pacientes, quando o diagnóstico é positivo esses profissionais não conseguem a devida assistência e continuam a trabalhar sem saber se foram contaminados ou não. Isso gera uma preocupação extrema de estarem espalhando o vírus a outros pacientes e até mesmo a familiares quando retornam para casa. Outra queixa é a falta de acolhimento, quando estão sintomáticos e não conseguem sequer realizar exames por falta de testes. Na maioria dos casos, somente ocorre a dispensa para a quarentena.
Seguindo o exemplo de SP, a crise dentro dos hospitais públicos se estende a todo o país e as trabalhadoras e trabalhadores da saúde continuam desamparados pelo governo e as autoridades competentes enquanto as denúncias crescem. De acordo com o protocolo do Ministério da Saúde, aqueles que atendem casos suspeitos ou confirmados de coronavírus devem estar paramentados com gorro, óculos de proteção ou protetor facial, máscara, avental impermeável de mangas longas e luvas de procedimento. Mas faltam de aventais a materiais descartáveis.
O SINTUNIFESP – Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal de São Paulo, vem cobrando de gestores do Hospital de São Paulo condições de trabalho para todos os profissionais de enfermagem, com o uso de EPIs para todos os setores do hospital, desde a enfermagem até os terceirizados que circulam no ambiente hospitalar. Essa atitude poderá salvar vidas e controlar a transmissão do COVID-19.
A FASUBRA Sindical também defende que toda a classe trabalhadora dos hospitais tenha direito a se proteger e apoia as servidores e servidores públicos do grupo de risco (portadores de doenças crônicas ou graves e imunodeficientes) que ainda se encontram nos hospitais trabalhando. Informa que tomará as medidas cabíveis para garantir as dispensas.
Algumas ações da Justiça nesse sentido têm tido ganho de causa, a exemplo da recente decisão judicial que intimou a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) e a Universidade Federal Fluminense (UFF) a garantir a liberação voluntária para atividade remota a todos os servidores que se encaixam no grupo de risco e que “apreciem imediatamente os pedidos dos profissionais de serviços essenciais do amplo grupo de risco, vinculados ao HUAP/UFF, admitindo os que não prejudiquem, de imediato, a continuidade do referido serviço essencial”. A ação foi impetrada pelo SINTUFF – Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Universidade Federal Fluminense.
É urgente valorizar o SUS, os Hospitais Universitários e seus profissionais, assim como todo o serviço público. Todos os profissionais de saúde devem ter condições de trabalho adequadas, sem correr risco de morte e colocar em risco a saúde de seus familiares.
Todas as vidas importam!
Tag: Fasubra Sindical, Saúde, Vidas importamCategorizados em: Geral