Encontro Nacional de Estudantes em Ensino Técnico debate alimentação e permanência estudantil em Salvador

23:46 | 19 de setembro de 2025

A Federação Nacional dos Estudantes em Ensino Técnico (Fenet), junto aos seus grêmios estudantis filiados, realiza em Salvador (BA) o Encontro Nacional de Estudantes em Ensino Técnico (Enet). O evento reúne delegações de todo o país para preparar a luta em defesa da alimentação nas escolas técnicas estaduais e federais, com o lema: “Com fome, ninguém estuda! Queremos um bandejão por escola!”.

A FASUBRA Sindical marcou presença no encontro, representada pela coordenadora de comunicação Lucimara Cruz, que participou da mesa de análise de conjuntura, e pelo coordenador Fernando, integrante da mesa sobre privatização.

Para fortalecer a mobilização, a diretoria da Fenet e os grêmios estudantis organizaram uma caravana nacional em defesa da assistência estudantil e da criação de restaurantes acadêmicos, considerados fundamentais para garantir a permanência dos estudantes.

Orçamento em disputa Os debates do Enet têm como pano de fundo a crise orçamentária da educação, agravada pelo chamado Arcabouço Fiscal, que limita investimentos públicos. Em 2024, quase R$ 2 trilhões — cerca de 43% do orçamento da União — foram destinados ao pagamento da dívida pública, enquanto a educação recebeu menos de 3%. Sem recursos suficientes, muitas escolas técnicas sobrevivem graças a emendas parlamentares e convivem com a incerteza sobre o futuro.

Apesar das promessas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que previa a construção de 100 novos institutos federais e restaurantes acadêmicos, as obras seguem paralisadas e faltam verbas para materiais, insumos e contratação de profissionais. Em várias cidades, os estudantes ainda enfrentam a ausência de passe livre e políticas de moradia estudantil, o que aumenta os custos para as famílias.

O Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), em 2024, destinou R$ 55 milhões para atender 357 mil estudantes dos Institutos Federais — menos de 40% do total de matriculados. Ou seja, quase 60% ficaram sem acesso à alimentação fornecida pelas instituições. O valor aplicado é irrisório diante da necessidade real: pouco mais de R$ 1 bilhão, segundo o Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif).

A comparação revela a disparidade: o montante necessário para garantir a alimentação de todos os estudantes equivale ao que o Estado gasta em apenas um dia de pagamento da dívida pública.
Assistência estudantil ameaçada Desde a criação do Pnae, em 2010, parte do orçamento da educação passou a ser destinada à permanência estudantil. Ainda assim, o déficit permanece: dos 1,3 milhão de estudantes matriculados na rede federal, apenas 257 mil recebem algum tipo de auxílio.

Com esse cenário, o Enet reforça a urgência de políticas públicas que garantam não apenas o acesso, mas também a permanência dos jovens no ensino técnico e profissional. Para os participantes, sem bandejão, moradia e transporte, o direito à educação segue ameaçado.

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