Encontro Nacional da Saúde e Hospitais Universitários: Funcionários Criticam Administração da EBSERH e Relatam Desafios na Gestão de Pacientes

19:07 | 22 de novembro de 2024

Durante o Encontro Nacional da Saúde e Hospitais Universitários , realizado na Faculdade de saúde da UNB na tarde desta sexta-feira(22), trabalhadoras/es de diversos Hospitais Universitários geridos em sua ampla maioria pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) compartilharam experiências e desafios enfrentados no cotidiano das instituições. Durante o evento, surgiram relatos consistentes sobre as dificuldades causadas pelo modelo de gestão adotado pela empresa, que administra hospitais universitários de todo o país. Embora os depoimentos variem conforme a vivência de cada profissional, algumas questões se destacaram como pontos críticos na administração do atendimento aos pacientes.

  1. Prioridade à Produtividade
    Um dos principais problemas apontados pelos profissionais de saúde foi a ênfase da EBSERH na produtividade em detrimento da qualidade do cuidado. Funcionários relatam que o modelo de gestão prioriza metas quantitativas, como o número de atendimentos realizados ou procedimentos realizados, o que acaba por gerar uma pressão constante sobre os trabalhadores. Essa lógica, voltada para resultados numéricos, frequentemente resulta em uma sobrecarga de trabalho para médicos, enfermeiros e outros profissionais da saúde. De acordo com os relatos, a imposição de metas rígidas compromete a capacidade dos funcionários de oferecerem um atendimento de excelência e de realizar práticas pedagógicas de qualidade para os estudantes de medicina e outras áreas da saúde.
  2. Desumanização do Atendimento
    Outro ponto crítico que emergiu durante o encontro foi a percepção de desumanização no atendimento aos pacientes. Muitos profissionais afirmam que, sob a administração da EBSERH, as políticas e práticas adotadas contribuem para uma gestão excessivamente burocrática, em que os pacientes são vistos mais como números do que como indivíduos com necessidades específicas de cuidados. A pressão por resultados rápidos e o foco na produtividade dificultamf a implementação de abordagens mais humanizadas, que são fundamentais no contexto de hospitais universitários, onde o ensino e a prática clínica devem caminhar juntos para formar profissionais capacitados e sensíveis às necessidades dos pacientes.
  3. Conflitos de Gestão
    Os relatos também indicam que existe uma falta de alinhamento entre as diretrizes administrativas da EBSERH e a realidade local dos hospitais universitários. Muitas vezes, as decisões tomadas pela gestão não consideram as características e demandas específicas de cada unidade de saúde. Essa desconexão gerou uma série de conflitos, onde os profissionais de saúde se veem em situações difíceis para conciliar as necessidades dos pacientes com as prioridades definidas pela administração central. A falta de flexibilidade na gestão e a imposição de regras padronizadas têm dificultado a adaptação das práticas às realidades locais, comprometendo a eficiência e a qualidade do atendimento.
  4. Atrasos nos Atendimentos
    Além das críticas à gestão administrativa, muitos funcionários também levantaram questões relacionadas aos atrasos no atendimento aos pacientes, especialmente os atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Apesar das promessas de eficiência e modernização na gestão, os profissionais relataram que há uma constante demora na realização de exames e procedimentos, o que impacta diretamente o cuidado oferecido aos pacientes. A falta de recursos e o grande volume de demandas têm sido apontados como as principais causas desses atrasos, que têm gerado insatisfação tanto entre os pacientes quanto entre os trabalhadores da saúde.
    Conclusão
    O Encontro Nacional da Saúde e Hospitais Universitários trouxe à tona questões importantes sobre a administração dos hospitais universitários sob a gestão da EBSERH. Os relatos de funcionários destacam uma série de desafios enfrentados no dia a dia dessas unidades de saúde, que vão desde a pressão por resultados quantitativos até a desumanização do atendimento. Essas dificuldades apontam para a complexidade do modelo de gestão adotado pela empresa e levantam a necessidade de um debate mais profundo sobre como conciliar a eficiência administrativa com a qualidade do atendimento e a formação de novos profissionais da saúde. O evento serviu como um espaço importante para que as vozes dos trabalhadores fossem ouvidas, colocando em evidência a urgência de mudanças que possam garantir um atendimento mais humanizado e eficiente para os pacientes do SUS.

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