Dia nacional da Consciência Negra

16:40 | 20 de novembro de 2013

 

Um breve histórico

Na década de 1970, o movimento negro no Brasil apontou dia 13 de maio como Dia Nacional de Denuncia do Racismo e 20 de novembro como o Dia nacional da Consciência Negra, para que fosse lembrado e homenageado o líder do Quilombo dos Palmares, Zumbi, assassinado nesse dia pelas tropas coloniais brasileiras, em 1695. A partir de 1978, essa data se reveste de maior importância, em face do surgimento do Movimento Negro no País, transformando-se numa data nacional.

“Segundo a historiadora da Fundação Cultural Palmares, Martha Rosa Queiroz, a data é uma forma encontrada pela população negra para homenagear o líder na época dos quilombos, fortalecendo assim mitos e referências históricas da cultura e trajetória negra no Brasil e também reforçando as lideranças atuais. “É o dia de lembrar o triste assassinato de Zumbi, que é considerado herói nacional por lei, e de combate ao racismo”, afirma. A lei federal de 2011 (12.519) institui o 20 de novembro como Dia Nacional da Consciência Negra.”

O dia é de reflexão e Luta!!!

Mas 20 de Novembro, por evocar a consciência negra nacional, revestido de diversas simbologias, precisa ser, de fato, um dia de reflexão e busca por novas ações, para o combate ao racismo que, infelizmente, ainda hoje dificulta e tira a vida de mulheres e homens em todo o país.

“A escravidão no Brasil – um dos maiores crimes de lesa-humanidade já vistos, ocupou ¾ de nossa história. Como herança resta não apenas as condições desiguais de desenvolvimento econômico e de condições básicas de vida dos afro-brasileiros, mas, sobretudo, a naturalização do sofrimento, da dor e da morte negra…” (Douglas Belchior)

Refletir, neste momento, sobre as reais condições de vida da população negra brasileira, no pós abolição, é refletir sobre as reais condições de vida do povo brasileiro, que é, em sua maioria, constituído por uma população miscigenada Nesta reflexão precisamos pontuar a violência estampada no índice de homicídios que atinge esta população, e os diversos direitos sociais, escassos para toda a classe trabalhadora e ainda mais limitado à população negra.

Segundo o DIEESE nas principais regiões metropolitanas do Brasil os trabalhadores negros, ganham na média salarial 36% a menos que os brancos.

Já o IPEA apresenta números ainda mais preocupantes, quando, em sua diagnose, afirma que o fato de ser negro aumenta em 08 pontos percentuais as chances de ser vitima de homicídio. De 2002 a 2010 registrou-se quase 300 mil assassinatos de negros e negras no país. Enquanto houve uma redução de 24,8% de homicídios de brancos.

Para a FASUBRA-Sindical, há que se denunciar a política de negação de direitos sociais, de repressão e violência perpetrada pelo sistema de segurança pública que pinça o jovem negro, pobre e morador de periferias como principal alvo de sua repressão. Do mesmo modo, há que se expor a violência, seja doméstica ou não, a que são submetidas as mulheres negras, triplicada na sua materialização, por serem, as vítimas, mulheres, negras e, na sua maior parcela, pobres. Há que se trazer ao cenário o debate sobre a não aplicabilidade da Lei nº 10.639, instrumento que contribuirá na desconstrução de toda uma cultura “segregadora, branca, senhorial, patriarcal e patrimonialista”, que alimenta a prática de racismo no nosso país.

Assim, defendemos:

Cotas sim! É preciso garantir a presença de negras e negros nos espaços educacionais e no mercado de trabalho.

Fim do Genocídio! – Chega de assassinatos!

Implementação da Lei 10639 –  Disseminar a história e a cultura afro-brasileira desde os primeiros anos escolares é fundamental para o combate ao racismo.

Quilombos e Moradia para a população negra – Terra e moradia digna são reivindicações antigas e que remontam ao período da escravidão. São Paulo pode e deve garantir esse direito!

Respeito às Religiões de matrizes africanas e as demais religiosidades – A cultura ancestral africana sempre respeitou as demais religiões. Para garantir sua sobrevivência as religiões afros promoveram um rico sincretismo religioso, prova real do respeito à pluralidade religiosa. Exigimos o mesmo respeito!

O combate ao machismo, sexismo e homofobia – Precisamos por fim à violência contra mulheres e homossexuais. Que se estabeleçam políticas que garantam direitos, promovam o respeito e valorizem diversidade.

Uma Cultura com um recorte diferenciado – A cultura negra é mais que a beleza do corpo negro, é mais que a habilidade  no futebol, é mais que  o molejo do capoeirista! É preciso uma política de valorização da ancestralidade africana das religiões e quilombos, da arte cantada, dançada, escrita e desenhada presentes no hip-hop, no funk, nos clubes negros, nas irmandades, escolas de samba e na produção científica e literária.

Trabalho decente e salário digno – Precisamos alterar o lugar de negras e negros no mercado de trabalho, pois são os últimos a serem admitidos e os primeiros a serem dispensados, além de terem o menor salário e o trabalho mais degradante, vivendo na informalidade e constituindo, com supremacia o conjunto dos desempregados.

Saúde igual e para todos – Saúde pública continua sendo um dos maiores problemas do país e para toda a população. Ocorre que o racismo faz com que seja ainda pior a situação da população negra, desde o acompanhamento da gravidez até o tratamento de doenças características tais como anemia falciforme ou pressão alta.

Fasubra Sindical na luta pela quebra das desigualdades e por uma sociedade justa e igualitária para todos!

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