Debate sobre Educação e Combate as Opressões marca trabalhos desta quarta no Confasubra
Nessa quarta-feira, 6 de abril, um debate sobre Educação e Combate as Opressões movimentou o plenário do XXII CONFASUBRA, que acontece até sexta em Poços de Caldas, Minas Gerais. Os temas foram unificados na mesa em função do reajuste da programação. A coordenadora de Educação da FASUBRA, Rosângela Costa, mediou o debate sobre Educação, enquanto Ivanilda Reis, coordenadora da pasta da Mulher Trabalhadora, foi responsável pela mediação da temática Combate as Opressões.
Educação
Cristiano Zenaide, da CTB, afirmou que atualmente o conhecimento está sendo tratado como fonte de capital, e que cada vez mais o capitalismo tenta explorar esta fonte por meio das políticas neoliberais implantadas nos países mais pobres. Segundo ele, Estados Unidos, Austrália e os países europeus se armam, como se estivessem em guerra, para manterem a hegemonia do conhecimento, fazendo tudo para que os demais não possam expandir suas universidades. Ele aponta também o crescimento do número de instituições públicas voltadas para o ensino superior e técnico nos últimos anos, o que tem contribuído na luta contra esta hegemonia. Por fim o palestrante destacou a necessidade de se lutar pelo cumprimento do Plano Nacional da Educação (PNE) e da manutenção do ensino público e gratuito.
Rafael Pereira, do Ressiginificar, destacou o papel da educação como campo estratégico da disputa na luta de classes, sendo necessário fazer um debate sobre como a educação pode estar a serviço da quebra da hegemonia do sistema capitalista. Para avançar na luta revolucionário é necessário ter uma educação também revolucionária, alertou o palestrante. Ele avalia que a participação nas eleições para Reitor das Universidades, por exemplo, proporciona um espaço para a construção e um acúmulo de forças, e não pode ser desconsiderada, pois também são espaços para a experimentação de práticas democráticas. Para ele, o modelo atual de educação é voltado para o mercado e é preciso discutir qual a formação que se deve dar aos cidadãos, pois hoje impera apenas a vontade do mercado.
Mário Júnior, do Vamos à Luta, declarou apoio aos movimentos grevistas dos educadores do Paraná e de São Paulo. Ele fez um apelo para que a FASUBRA faça o debate sobre o desmanche nas universidades em todas as entidades de sua base. Ainda, retratou a situação do Brasil como um país subalterno e com uma educação influenciada por uma matriz neoliberal. Segundo Mário, qualquer expansão universitária precisa ser feita por meio de instituições públicas apoiadas no tripé do ensino, pesquisa e extensão; de forma a garantir um ensino de qualidade e transformador, o que, para ele, não foi feito nos últimos anos pelo Governo, pois foram abertas mais vagas nas instituições privadas do que nas públicas.
Gibran Jordão, coordenador Geral da FASUBRA, lembrou que os Técnicos-Administrativos em Educação são participantes da produção e reprodução de todo o conhecimento gerado nas melhores universidades do país e da América Latina. Ele relatou que a expansão do ensino superior brasileiro foi feita por meio do ensino privado, sendo que a grande maioria dos 7,4 milhões dos estudantes universitários estão nestas instituições; sendo que o governo tem tirado o dinheiro das instituições públicas para repassar às privadas, com o objetivo de possibilitar esta expansão. Na visão de Gibran, a EBSERH significa a privatização e a precarização da universidade e dos trabalhadores, e este projeto precisa ser derrotado. Ao final ele fez um chamado à greve geral na educação pública federal.
Leia Oliveira, do Coletivo Tribo, explicou que a luta contra a homofobia, machismo e racismo passa pela luta por uma educação transformadora, capaz de municiar a luta contra as opressões. Ela criticou a atuação da FASUBRA nos últimos anos ao se omitir das disputas pela educação dentro do Congresso Nacional. Para Léia é necessário ir para o mundo real e fazer a disputa no Congresso, que atualmente está desfavorável aos trabalhadores, e nos demais espaços de debate sobre a educação, como no momento em que a CUT e a CTB conseguiram incluir no Plano Nacional de (PNE) um artigo que valoriza a Categoria dos Técnico-Administrativos em Educação. Ela ressaltou também a necessidade de se fazer a disputa dentro do PNE para incluir a pauta dos trabalhadores no plano e garantir os avanços desejados.
Combate às Opressões
Sílvia Ferraro, do Movimento Mulheres em Luta, abriu o debate refletindo sobre a dificuldade que os trabalhadores e trabalhadoras passam por todo o mundo, quando são atacados por políticas neoliberais de os ajustes fiscais e retiradas de direitos. Segundo ela, o capitalismo usa a opressão das mulheres, negros e negras e LGBTs, como forma de aumentar a exploração sobre esses trabalhadores. Eles são direcionados para empregos piores e precarizados, como por exemplo, trabalhar em empresas terceirizadas, onde a rotatividade é alta, as condições de trabalho são prejudiciais e os salários são inferiores ao mercado. Com as políticas de ajuste fiscal e de austeridade esta situação ainda se agrava mais, pois os trabalhadores perdem o acesso aos direitos como seguro desemprego e auxílio reclusão, para ela “a única fonte de renda de grande parte das mulheres que recebem”.
Maria de Lourdes Lose, do Ressignificar, lembrou que a FASUBRA teve um papel importante na luta para tirar os Técnico-Administrativos em Educação da invisibilidade nas universidades, que, até então, eram vistos como coadjuvantes. Ela pede que se faça uma reflexão sobre o ato de contratar uma doméstica para trabalhar em casa, pois ele reproduz um comportamento nocivo, que é a exploração do trabalhador. Ela aponta, ainda, a dificuldade de tratar as diversidades na universidade, tal como a dificuldade de se aceitar que indígenas, quilombolas, negros e negras e pobres tenham acesso ao ensino superior. Outro ponto abordado foi a dificuldade de as mulheres ocuparem cargos estratégicos nas instituições, e até mesmo sindicatos, sendo relegadas a outras funções.
Diego Rodrigues, coordenador de Políticas Sociais e de Gênero da FASUBRA, relatou a atuação da Federação nos últimos anos, que tem sido vanguarda no combate à homofobia, racismo e machismo. Por meio da Internacional do Serviço Público têm sido promovidas diversas ações de combate às opressões e de defesa da dignidade humana, como o 1º Seminário de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transsexuais da FASUBRA, no dia 21 de novembro de 2014, bem como as reuniões com os prefeitos eleitos em 2012 e a criação do Comitê Regional da América Latina para a LGBT. Por fim, ressaltou a necessidade de que a luta nas universidades para o uso do nome social por transexuais seja estendida também para os Técnico-Administrativos em Educação, e não somente para estudantes.
Ana Carolina Barbosa, da União Brasileira de Mulheres, disse que não culpa somente os homens pelo comportamento machista, pois o sistema opressor e capitalista é que induz a estes comportamentos. Ela lembra que o direito das mulheres faz parte dos direitos humanos e é fundamental aproveitar o momento político para garantir que o Congresso Nacional aprove a pauta da luta das mulheres. De acordo com ela, o Parlamento está cada vez mais fundamentalista e tem promovido uma agenda de aumento das opressões ao debater Estatuto da Família e outras leis que restringem direitos. Ainda, questionou o papel das mulheres nas instituições sindicais, se há espaço para elas e até onde elas podem atuar em igualdade com os homens.
Antônio Alves Neto, do Vamos à Luta, fez um resgate das opressões pelos europeus aos negros e negras, quando foram escravizados e utilizados como mão-de-obra para todos os tipos de serviços, sem se preocuparem com as condições de saúde e vida. Para ele o que acontece atualmente é um massacre à população africana, e o mundo tem ignorado o que ocorre. O palestrante apontou os ataques à população negra, como os acontecidos nos Estados Unidos, e os ataques das políticas neoliberais do governo Dilma Roussef, que, segundo ele, “tem alvo específico, a população negra e pobre do país”. Ele ainda chamou a Federação para avançar na construção de propostas que possibilitem a real inclusão dos oprimidos na universidade.
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