Audiência pública discutiu os ataques racistas e homofóbicos por grupo extremista contra estudantes da UnB
Será construído um seminário para discutir o problema e a implicação da Lei da Mordaça (Escola Sem Partido)
Participação da FASUBRA Sindical na audiência pública que discutiu “os aspectos culturais dos recentes ataques racistas e homofóbicos de grupo extremista contra estudantes da Universidade de Brasília (UnB)”, realizada no dia 14 de julho de 2016. O evento foi promovido pela Comissão de Cultura, no plenário 10 do anexo II da Câmara dos Deputados pela deputada federal, Erika Kokay. O coordenador geral da FASUBRA, Rogério Marzola, integrou a mesa de debates.
No debate, a Federação apresentou pequenos trechos das conversas do grupo registradas no aplicativo WhatsAApp.
Confira as conversas aqui!
Confira o vídeo do ataque.
Também foi mencionado o aumento da violência e intolerância no Distrito Federal, “a mortalidade de negros é seis vezes maior que a de brancos, o número de violência contra a população LGBTT cresceu 431% em relação aos índices de 2011”.
Intolerância
Para a representação da FASUBRA, o problema de intolerância, racismo, homofobia e machismo, contribuem para a organização de atos fascistas. “Esses diálogos foram uma tentativa de articulação, como uma propaganda, mostrando que outros também participariam das próximas ações”.
Violência nas instituições federais de ensino
Segundo o coordenador o quadro não é recente, diversos casos de violência e homicídios têm ocorrido dentro das instituições federais de ensino. Neste ano, casos de estupro e morte aconteceram na Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Universidade Federal de Goiás (UFG), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), contra estudantes do sexo feminino e estudantes de orientação sexual LGBTT.
Moldar a sociedade
A Federação alertou sobre o discurso de alguns parlamentares no Congresso Nacional que reforça e alimenta o quadro crônico no país de intolerância, “em que se tenta moldar a sociedade na perspectiva de sua única visão de mundo, do que seria aceitável”.
O coordenador deixou clara a importância em não “deixar passar” os casos de agressão a estudantes da UnB como meras estatísticas. “O que houve não foi uma ação descontrolada, foi crime organizado”, afirmou se referindo à especificação da ação à luz do Código Penal Brasileiro como crime.
Ameaça de morte
Na ocasião, a FASUBRA reforçou a luta contra a violência e intolerância em referência a um trecho da conversa do grupo extremista no áudio nº 08 do WhatsApp (Mídia Ninja), um integrante propõe realizar uma chacina, “meu irmão, a parada é meter bala nesses caras e deixar fazer uma chacina matar uns 50 de uma vez só, pra ficar uma ano o país de luto”. (https://soundcloud.com/midia-ninja).
“Não vamos esperar acontecer as 50 mortes prometidas na conversa, para se tomar iniciativas”, afirmou a representação da FASUBRA.
Lei da Mordaça
O coordenador enfatizou o ato extremista não vai calar ou intimidar a comunidade universitária, se referindo à mobilização realizada no dia 20 de junho dentro da universidade para fazer frente aos ataques. “Diante da intolerância e totalitarismo vamos defender a diversidade, inclusive enfrentando a Lei da Mordaça (Projeto Escola Sem Partido), que visa colocar no arcabouço jurídico deste país um conjunto de regras que conotam que o único comportamento de ordenamento sexual e doutrinário é a partir do Estado”.
A Federação defende o sistema de cotas sociais e raciais, a liberdade de expressão, as uniões homoafetivas e o respeito dentro da universidade, “são coisas naturais e normais que podem existir”.
Cerceamento da liberdade democrática
Também foi citado o caso de uma parlamentar do Distrito Federal que intimidou um professor da rede pública, após solicitar aos estudantes do ensino fundamental a realização de um trabalho que discute a diversidade de gênero. “Não queremos moldar, uniformizar. Não somos uma fábrica de parafusos que todas as peças têm que sair com o mesmo diâmetro, comprimento e inclinação do raio entre a rosca. Nós formamos pessoas, cidadãos, e eles têm que ter essa diversidade, tem que ter pensamento crítico da sociedade e de como transformá-la”.
A Federação apresentou preocupações referentes a universidade:
- Banir ações que afastem as instituições dessa perspectiva de engessar a sociedade;
- Refletir a imposição de costumes sociais;
- Rever a questão do monopólio da violência pelo Estado, se referindo aos massacres de trabalhadores sem terra, indígenas e atualmente no espaço urbano pela polícia militar;
- Rever a publicidade da segurança pública – “A política está do nosso lado”, porém, há um patrulhamento das assembleias dos trabalhadores dentro da universidade.
- Rever a política de segurança de diversidade da UNB.
Assessoria de Comunicação FASUBRA Sindical
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