1º/10: Envelhecer é um direito, não um castigo

Nesta sexta-feira (1º/10) celebra-se o Dia Internacional da Pessoa Idosa. Um dia de reflexão sobre a necessidade de proteção e de cuidados com os idosos e idosas. A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1991. Em 14 de dezembro de 1990, a Assembleia Geral das Nações Unidas votou para estabelecer 1º de outubro como o Dia Internacional do Idoso, conforme registrado na Resolução 45/106.

Infelizmente, no Brasil, na semana que entramos no mês das pessoas idosas, chegamos a quase 600 mil mortos, sendo que de cada dez mortos pela covid-19, quase sete são idosos, segundo boletim do Observatório Covid-19 da Fiocruz, de agosto de 2021. “Quanto luto, quantas perdas, não só de vidas, de esperança, de emprego, o país retorna ao mapa da fome. Temos que alertar as autoridades que é preciso mudar. Precisamos aumentar a troca entre gerações”, afirma Alexandre Kalache – presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil (ILC-BR), no I Seminário Internacional Longevidade Brasil Portugal: desafios e oportunidades.

Para Kalache, a evolução da longevidade é a maior conquista do século XX. “Essa conquista não pode se transformar em um grande problema para o século XXI, mas há desafios. Há também oportunidades. Na grafia chinesa oportunidade e crise não são diferenciados. Onde há oportunidade, há uma crise e onde há uma crise há uma oportunidade. Nós estamos com expectativa de vida de 77 anos. Nós vamos chegar nesse século, antes de 2070, mundo afora, com mais pessoas celebrando os 80 anos do que bebês nascendo”.

Kalache citou alguns desafios e destacou a importância da longevidade ativa, que engloba o cuidado com a saúde, a qualidade de vida, a busca contínua por conhecimento e a participação em grupos sociais, familiares, religiosos, sindicais, políticos, culturais e de entretenimento, entre outros aspectos. Vale destacar a importância de se ter o básico necessário para ter dignidade, como moradia, alimentação, acesso a tratamentos de saúde, previdência, cuidados familiares ou de instituições sérias. Importante também a acessibilidade nas residências, nos órgãos públicos e nas cidades.

No entanto, o Estatuto do Idoso, de 2003, até hoje não é cumprido integralmente, nem pelas famílias, nem pelo poder público, nem pela sociedade. Dessa forma, a pessoa idosa não recebe nem os cuidados básicos essenciais para ter uma vida digna. Outro desafio é o idadismo, o preconceito contra as pessoas idosas, que são descartadas pelas famílias em casas de acolhimento, no mundo do trabalho, nos estudos, atividades políticas e públicas, redes de diversão e de ensino. Ainda sofrem com críticas e piadas feitas desde as pessoas próximas até os programas humorísticos.

Outra triste realidade é o aumento de violências contra idosas e idosos como violência racial, homofóbica, religiosa, social, familiar, psicológica, patrimonial, verbal, física e outros tipos de violências veladas. Violências que já existiam, mas que a pandemia escancarou. A solidão que já era alta nesta faixa de idade, foi agravada com o isolamento social pela pandemia. A falta de convivência social prejudica a saúde mental das pessoas idosas. E o desconhecimento com o mundo digital auxilia esse distanciamento, já que grande parte tem dificuldade com as redes sociais.

As políticas públicas no governo atual foram afetadas, assim como outras diversas áreas. Mas há esperança em movimentos de apoio aos idosos e idosas, como as universidades da terceira idade, grupos religiosos, sindicais e filantrópicos. Alguns programas de viagens 60+ também trazem mais inclusão a essa faixa da população.

Mais recentemente, os idosos e idosas das universidades receberam um duro golpe do (des)governo de Bolsonaro, por meio do Decreto 10.620 e a Portaria 8.374, que joga os aposentados(as) e aposentandos(as) e pensionistas na vala comum do INSS, onde já existem milhões de beneficiários mal assistidos.

É necessário reforçar a luta para barrar mais este ataque e fortalecer a proteção e cuidados com idosos e idosas. Toda população idosa tem direito à proteção integral garantida no Estatuto do Idoso e é fundamental fazer com que o Estatuto seja cumprido. A FASUBRA Sindical, por meio da Coordenação de Aposentados e Assuntos de Aposentadoria, não mede esforços para proteger as pessoas idosas e sempre está na luta pela garantia de seus direitos.

Envelhecer é um direito, não um castigo!

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