Nota FONASEFE – Primavera feminista: Por nenhum direito a menos!

10:56 | 29 de setembro de 2018

No Brasil, somos quase 200 milhões de habitantes. Destes, 51,5% são mulheres e 48,5% homens, mas isso não significa, seguindo a lógica da democracia burguesa, que mesmo constituindo uma maioria, que as demandas das mulheres sejam ouvidas e seus direitos sejam garantidos. Prova disso é que mesmo sendo proporcionalmente maioria da população, estas, mesmo quando dedicam maior tempo à educação, 23,5% mulheres em detrimento de 20,7% homens continuam a empenhar grande parte de suas vidas aos afazeres domésticos.

Semanalmente dedicam 18,1% do tempo em afazeres domésticos enquanto os homens apenas 10,5% do seu tempo. Os dados do IBGE (2018) demonstram essa marca infeliz, mas ainda presente em nossa história. Em 2017, do total de assentos da Câmara dos Deputados, apenas 10,5% eram ocupados por mulheres e nos cargos gerenciais apenas 39,1% são por nós no Legislativo ocupados. Não obstante, a renda da mulher é quase 40% menor do que a renda dos homens; as mulheres recebem em média 1.764 reais e os homens 2.306 reais no exercício do mesmo cargo e função.

Nesse sentido, nós do Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (FONASEFE) acreditamos que o cenário político atual – de aprofundamento de uma agenda de ataques aos funcionários públicos e a todo povo trabalhador brasileiro, de proliferação de narrativas de ódio às mulheres, negros/as, LGBTs, nordestinos e pobres -constitui uma face do processo de perversão e barbarismo ao qual o modelo democrático ocidental vem decretando falência, com mais uma crise do capital.

Nesse cenário, importante ainda registrar que no âmbito do serviço público, por exemplo, as mulheres ocupam 55% dos cargos na esfera federal, estadual e municipal. Numa agenda que converge à ortodoxia liberal na esfera econômica, o conservadorismo e autoritarismo na dimensão política da vida social, quem mais sofre, sem dúvida, são as mulheres.

Assim, não podemos assistir ao avanço do capital e das políticas neoliberais, que solapam direitos históricos conquistados com muita luta da classe trabalhadora, que em especial tem atingindo as mulheres, negro/as – LGBTs, indígenas e nordestinos/as.

Segundo dados da ONU, o Brasil está entre os cinco países mais perigosos para se viver, no ano de 2017 foram 4500 assassinatos de mulheres.

A conjuntura atual tem aprofundado características da sociedade brasileira, em que o machismo, racismo, a heterossexualidade compulsória e o patriarcado impõem ao conjunto de trabalhadores/as e servidores/as única estratégia: a luta nas ruas para resistir a esse cenário retrógrado e conservador. Não obstante, as mulheres têm protagonizado no Brasil e no mundo importantes lutas.

Assim, como foram as manifestações dos movimentos sociais e feministas, que retiraram o ex-deputado Eduardo Cunha do poder, que recentemente apontou a necessária descriminalização do aborto na Argentina e no Brasil, agora também é a hora de nos manifestarmos coletiva e unitariamente , sem perdermos de vista que o que está em jogo não são conquistas individuais, mas o direito à existência.

Nós do FONASEFE chamamos a todas/os servidores públicos federais a somarem às lutas na rua, no dia 29 de setembro.

Todas/os contra:

Machismo
LGBTfobia
Racismo
Reforma trabalhista
Genocídio da população negra e das periferias
E pela revogação da EC 95

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

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