Seminário da FASUBRA discute desafios e políticas para a população LGBTI

, 13:50 | 11 de dezembro de 2019

O 3º Seminário LGBTI da FASUBRA Sindical foi realizado na última sexta-feira (6/12), primeiro dia da Plenária Nacional, no auditório da ADUnB (Associação dos Docentes da UnB), em Brasília/DF. O seminário tratou dos principais desafios que a população enfrenta em um governo declaradamente LGBTfóbico, machista, racista e misógino e a necessidade de fortalecer as políticas públicas na área para diminuir a violência. A Plenária foi realizada nos dias 6, 7 e 8 de dezembro e contou com a presença de 131 delegados e delegadas, três observadores, de 33 entidades de base.

Os coordenadores e organizadores do evento, Wellington Pereira e Agar Pereira da Silva, informaram que a Coordenação é nova e ainda está se estruturando. De acordo com eles, é preciso que a base discuta o assunto, apesar de ser polêmico, pois afeta toda a sociedade. “Embora a gente tenha uma base conservadora, há pessoas que precisam de atenção e respeito. Então a gente quer criar condições para que as pessoas colaborem e participem mais ativamente do movimento”, disse Agar.

Homenagem

Na mesa de abertura foi exibido um vídeo em homenagem ao técnico-administrativo Diego Gonçalves Rodrigues, falecido no dia 9 de novembro. Diego, que foi coordenador de Políticas Sociais e Gênero na gestão 2012-2015, organizou o 1º seminário LGBT da Federação e atuou ativamente em diversas instâncias em defesa do movimento. Representou a FASUBRA no Conselho Nacional de Combate à Discriminação LGBT, organismo ligado à Secretaria Nacional de Direitos Humanos do governo federal e foi integrante da Juventude da Internacional de Serviços Públicos (ISP).

Veja o vídeo da homenagem.

Painéis

O deputado distrital Fábio Félix (PSOL) apresentou o painel “Política de Estado para as populações LGBTI” e destacou a importância da representatividade em todos os setores e espaços, com poder de fala, para transformar a realidade no Brasil. “A representatividade somada ao conteúdo é transformadora na luta pela igualdade. A representatividade concreta no enfrentamento ao preconceito e à violência é fundamental”. O parlamentar foi eleito como o primeiro deputado assumidamente gay do DF.

Fábio falou sobre as milhares de pessoas que morrem todos os anos no país. “O discurso de ódio hoje é legitimado pela maior autoridade da República e acaba criando uma série de gatilhos no nosso cotidiano que produz a violência”, criticou. “Precisamos enfrentar esse discurso de ódio e o desmonte das políticas públicas para o movimento LGBTI, além do crescimento do fundamentalismo religioso no país, que também ajuda a difundir o discurso de ódio”, afirmou.

Mariana Lopes, da Coordenação da Mulher Trabalhadora, falou no painel “LGBTfobia e o machismo velado no movimento sindical”. Segundo a coordenadora, o machismo e a LGBTfobia não são velados, está matando, adoecendo, perseguindo e exonerando os companheiros e companheiras. “Se já existe um quadro de depressão e ansiedade na sociedade, com essas pessoas é ainda pior. Esse é um governo da necropolítica, um governo que pretende nos matar”, disse.

Mariana lembrou que o papel da FASUBRA e dos sindicatos, além de fazer esses eventos, é o de criar os GTs. “Infelizmente a gente tem em entidades de base alguns casos de LGBTfobia que já foram denunciados nas nossas plenárias e que precisam ser apurados. Ela ainda citou como exemplo em sua palestra que a expectativa de vida de pessoas trans no país é de apenas 35 anos. “Isso não é um dado qualquer e acontece porque o Brasil é o país que mais mata LGBTs no mundo. A gente não precisa ter uma guerra aqui, 43% das mortes no mundo acontecem no Brasil, muito mais do que em países fundamentalistas”, lamentou.

Propostas

No espaço para manifestação da Plenária foram apresentados relatos sobre o tema nas entidades de base e, como resultado, foram apresentas as seguintes propostas:

– Orientar os sindicatos de base a criar GTs para a temática LGBTI;
– Fazer campanha para o respeito ao uso de nome social;
– Criar o GT Nacional para discutir a política da FASUBRA para a coordenação;
– Construção e realização do Encontro Nacional exclusivamente para LGBTI da FASUBRA.
– Construir, em conjunto com as Pró-Reitorias de Gestão de Pessoas, cursos de formação que capacite os trabalhadores TAE e Docentes no trato para com as comunidades LGBTI.
– Implementar a campanha de conscientização ao assédio e discriminação contra a comunidade LGBTI.

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